Relatórios do GDF confirmam que quase 80% do bairro está construído em área particular não disputada, diferente da maioria das regiões administrativas do DF, que tem índices de ocupação de área pública bem maiores.
Após análise dos relatórios de processos de regularização e mapas produzidos pela Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (SEGETH), o Movimento Comunitário do Jardim Botânico conclui que JB é um dos bairros com menor ocupação urbana em área pública. Atualmente o bairro é composto por 70 condomínios (62 deles tem mais de 40 residências). Destes condomínios, 75,71% se encontram em áreas particulares não questionadas pelo poder público, a maioria advinda de pequenas chácaras e sítios que foram sendo fracionados e criando os loteamentos transformados em condomínios. Apenas 12,86% dos condomínios estão em área pública não disputada e 11,43% em área mista ou indefinida.
Os números foram apresentados pelo Movimento ao governador Rodrigo Rollemberg e para secretários de Estado na última terça (5) (leia aqui). O diretores do Movimento aproveitaram a oportunidade para desestigmatizar a comunidade do Jardim Botânico, taxada por muitos como “comunidade de grileiros ricos”. Graça Melo, uma das integrantes do Núcleo de Regularização do Movimento, reclamou que “essa estigmatização e a falta de uma imagem clara de quem é a verdadeira comunidade do Jardim Botânico têm nos prejudicado nas ações de políticas públicas e nos processos de regularização do bairro”.
O Jardim Botânico continua sendo a única das 31 regiões administrativas sem nenhum equipamento público, mesmo sendo uma das principais geradoras de impostos do DF. Também não recebe investimento direto do GDF há cinco anos. “Cansei de ouvir de gestores públicos que são impedidos de implantar serviços públicos, ou equipamentos no Jardim Botânico porque não podem incentivar a grilagem de terra”, reclamou Rose Marques, presidente do Movimento; “Não somos grileiros, essa imagem não é da nossa comunidade, grileiro é quem invade área pública, parcela e vende”, enfatizou Rose.
Na reunião com o governador, os diretores do Movimento reclamaram que o bairro também é uma das quatro regiões administrativas que não tem sua Administração Regional independente. Atualmente o JB é subordinado à Administração do Lago Sul. “São realidades diferentes, o Lago Sul é um bairro consolidado, não precisa construir equipamentos públicos, já nós não temos nada, precisamos de todos os equipamentos públicos, principalmente escolas aqui no Mangueiral”, reclamou Paulo Isidoro, presidente da Associação de Amigos do Jardins Mangueiral.
No final de Agosto, o GDF retirou a interinidade e nomeou administrador exclusivo para o Varjão, região administrativa que estava na mesma situação do Jardim Botânico e, mesmo tendo apenas 5 mil habitantes, conseguiu ter uma administração regional independente, com mais de 50 servidores. Já o Jardim Botânico, com 70 mil habitantes e uma área geográfica dezenas de vezes maior, continua subordinada ao Lago Sul e com apenas nove servidores.
Confira abaixo vídeo com resumo do que foi apresentado ao governador: