Jardim Botânico, 20 de Dezembro de 2024
Por Camila Fleury

Na última semana, a comunidade do Mangueiral alcançou uma importante vitória judicial. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) confirmou, em segunda instância, a decisão favorável à preservação da área conhecida como “dente”, localizada entre as quadras Qc 8 e 10 do Jardins Mangueiral. Com isso, a área será incorporada ao futuro Parque do Mangueiral, garantindo a manutenção de um espaço verde essencial para a conservação do cerrado e da fauna local. 

A área conhecida como “dente” localizada entre as quadras Qc 8 e 10 do Jardins Mangueiral, de vegetação típica do cerrado, foi designada como espaço verde no plano de ocupação da região, mas enfrentou sérios riscos de ser urbanizada para a construção de novos empreendimentos imobiliários. Desde o início, a comunidade local, organizada através da Associação AMOR-JM (Associação de Moradores do Jardins Mangueiral) e a Associação dos Amigos do Jardins Mangueiral (AAJM), se mobilizou para garantir que a área fosse protegida, defendendo o seu valor ecológico e a importância para a qualidade de vida local.

A presidente da AMOR-JM, Ana Inglêz, bióloga e advogada responsável pela causa, liderou as ações jurídicas que culminaram na vitória mais recente. “Foi um processo árduo, mas a comunidade se uniu de forma exemplar para defender o que é nosso e garantir a preservação desse importante fragmento de cerrado“, afirmou Ana Inglêz, destacando o esforço coletivo de todos os moradores e ambientalistas envolvidos.

A disputa judicial, que se arrastou por mais de uma década, teve uma importante virada neste mês. O TJDFT ratificou a decisão que garante a preservação da área como parte do futuro Parque do Mangueiral, uma das grandes bandeiras do movimento ambientalista local. O julgamento foi unânime, reforçando a importância da ação comunitária e o valor ambiental da região.

Além do esforço incansável da comunidade local, a vitória também foi conquistada graças ao apoio crucial do legislativo, especialmente do deputado distrital João Cardoso e da ex-deputada Júlia Lucy, que se destacaram na defesa da causa. O parlamentar João Cardoso foi fundamental para a criação e aprovação da Lei Distrital 6.995/2021, que define o Parque Ecológico Mangueiral,  derrubada na justiça pelo GDF (relembre aqui). Enquanto isso, Júlia Lucy moveu ação contra o GDF com o objetivo de impedir habitações em  área do parque (relembre aqui).

Com a garantia da preservação da área do “dente”, a comunidade do Mangueiral não apenas protege um importante espaço natural, mas também contribui para a conservação da biodiversidade do cerrado. O futuro Parque do Mangueiral será um local fundamental para a conexão ecológica entre as Áreas de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do São Bartolomeu e Cabeça de Veado, promovendo a continuidade dos ecossistemas locais e a conservação de espécies nativas da fauna e flora.

Área do “dente” que será parte do futuro Parque do Mangueiral.

A História de Luta e Conquista

A história do Parque do Mangueiral é marcada por anos de esforço coletivo e compromisso constante com a preservação ambiental (lembre aqui). Desde 2013, quando a construtora do Mangueiral tentou expandir suas obras sobre a área do “dente”, a comunidade luta para garantir que a área fosse reconhecida como um espaço verde vital para o equilíbrio ecológico da região. Com a união de todos, a vitória judicial desta semana não é apenas um marco para a preservação ambiental, mas também um símbolo de resistência e força coletiva.

A criação do parque também traz benefícios diretos para a qualidade de vida dos moradores. A preservação de áreas verdes urbanas está associada a uma melhor qualidade do ar, redução das ilhas de calor, maior bem-estar e valorização da região como um espaço de lazer e convivência para as famílias. Além disso, o projeto representa um passo importante para a inclusão do Mangueiral no movimento de sustentabilidade e preservação ambiental da região do Distrito Federal.

A mobilização da comunidade ainda não acabou. O processo de implementação do parque depende de esforços contínuos para garantir que ele seja devidamente preservado e que sua infraestrutura seja adequada para receber a população. A colaboração de todos os cidadãos pode fazer a diferença na manutenção desse patrimônio ambiental e na melhoria das condições de vida da comunidade.