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Editorial – A lenda dos viadutos

Por Graça Melo – Editorial – 14/07/2015
O sonho de qualquer morador do Jardim Botânico é ver o trânsito da DF-001 fluindo, senão livremente, pelo menos em ritmo que mantenha a dignidade do contribuinte. Mas este sonho está longe de acontecer. O que se vislumbra são anos difíceis pela frente.
As vítimas não são apenas os habitantes do Jardim Botânico, mas das regiões vizinhas também, como São Sebastião, Paranoá e Itapoã, chamadas cidades dormitórios, pois a força produtiva da região ainda não permite a absorção da força de trabalho. Com isso, todos se deslocam diariamente rumo ao emprego. E todos os dias esbarram em um funil que se chama “balão da ESAF”, que interliga a DF-001 com a DF-035.
Esse ponto de retenção do trânsito poderia ser facilmente corrigido se houvesse um viaduto, talvez uma das mais antigas reivindicações dos moradores da região. Outros três viadutos também são reivindicados, em lugar dos respectivos balões: da BR-140, que vem do Tororó, da DF-463, que vem de São Sebastião, e da DF-027, que dá acesso a ponte JK. Veja no mapa.
Junto com o desconforto, transformado muitas vezes em suplício, viajam junto antigas promessas do governo do DF, promessas renovadas. Às vezes, a esperança viaja junto, mas todos os dias ela termina no congestionamento do balão da ESAF.
Uma lenda circula entre os moradores. A origem da lenda ninguém sabe, mas todos juram que já ouviram falar que existem projetos e verba para a construção dos viadutos. Tal qual Saci Pererê, muitos acreditam, mas ninguém viu. Então o blog MCJB foi apurar a lenda. E descobriu que é lenda mesmo.
O DER, órgão responsável pela execução dos estudos e projetos que viabilizem a construção destes viadutos, já comunicou que não há previsão de obras para os próximos anos, além da finalização da duplicação da DF-463, obra que já dura quase 5 anos, e a intervenção que ocorre atualmente no balão da ESAF.
Para aqueles que se deslocam de ônibus o destino ainda é pior. A comunidade luta pela implementação de linhas de ônibus, mas o DFTRANS, órgão responsável pela implementação das linhas de ônibus, também não deu previsão de quando o Jardim Botânico terá linhas alternativas, que melhore a vida do cidadão.
O balanço que o Jardim Botânico e bairros vizinhos fazem é de uma completa inércia do GDF nos últimos 5 anos e a mudança de inquilino no Buriti não melhorou nem mesmo a esperança do morador da região.
O GDF nunca foi bom de planejamento. É de se esperar, portanto, que não vai considerar o planejamento da mobilidade junto com o aumento da população. Enquanto a população cresce no ritmo chinês, o GDF anda no ritmo do caranguejo. Um passo para a frente e dois, para trás.
Quanto aos moradores, podem se contentar em viajar contando, no carro, para o filho que vai deixar na escola, a lenda dos viadutos.

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