Da Redação do MCJB – 21/08/2015

A Associação dos Amigos do Mangueiral e o Movimento Comunitário do Jardim Botânico denunciam à imprensa e à AGEFIS aumento das invasões nas adjacências da RA-XXVII

Em meados de 2012 uma pequena invasão se iniciou ao lado da chamada Vila do Boa, antiga ocupação em São Sebastião que fica próxima a Estrada do Sol, logo atrás dos Condomínios Quintas Interlagos e Bela Vista. A comunidade da região, percebendo a intensa movimentação de grileiros, o desmatamento da área e o aumento da criminalidade na região, denunciou a invasão à Polícia, à AGEFIS, à Administração Regional, ao Ministério Público e outros órgãos afins do DF, enquanto a invasão ainda não passava de 30 barracos. Também foram veiculadas uma série de reportagens para confirmar e registrar os crimes de grilagem e ambiental (ver vídeos no final). Porém, ao final desses três anos, nenhuma providência foi tomada e a invasão continua a crescer junto com os problemas sociais de uma ocupação desordenada.

Os moradores da região atribuem o problema à  “omissão e permissividade do governo”, o que tem servido de motivação para os grileiros. Prova disso é o constante movimento para  expandirem seu raio de atuação na região, como a invasão que se iniciou ao lado das quadras 14 e 15 do Jardins Mangueiral. Apesar de estar no início, já conta com 50 barracos construídos em um período de apenas 6 meses. “(As invasões) fomentam os bolsões de miséria e juntamente com isso vem o tráfico de drogas e uma série de outros crimes”, reclama Odair Coronheiro, presidente da Associação dos Amigos do Mangueiral, que, junto com o Movimento Comunitário do Jardim Botânico, denunciou a invasão para a Polícia, além de notificar a AGEFIS para a imediata retirada dos invasores (veja reportagem no final).

Degradação ambiental e aumento da criminalidade

A área ao lado do Mangueiral e a invasão da Vila do Boa estão em área de preservação ambiental, com diversas nascentes em seu perímetro. No caso da Vila do Boa, mais de 10 mil metros quadrados de árvores nativas do cerrado foram derrubadas e queimadas para limpeza inicial e respectiva instalação dos barracos de madeirite. A poluição sonora também é uma constante, e provém de brigas, festas e som alto, muitas vezes até o amanhecer, bem como a instalação de bares clandestinos no interior da invasão. Maria Raquel, moradora da região, relata que as vezes são tantas músicas em alto volume que não é possível nem reconhecer os estilos musicas que estão sendo tocados. Com filho pequeno em casa, afirma que a “sonzeira” não tem dia nem hora para acontecer. “Outro dia, em plena segunda- feira,  estava tudo calmo e lá pelas duas da manhã começou um funk tão alto que os vidros da casa tremiam.”

O esgoto é jogado no córrego poucos metros abaixo de sua nascente, contaminando a água que é usada por chacareiros da região. Os moradores próximos à invasão relatam que é comum ouvir tiros vindos da invasão, reclamam de furtos à residências e ao comércio local. A grande mídia já noticiou 3 assassinatos na área somente este ano.

Evolução da invasão da expansão da Vila do Boa em S. Sebastião – Atrás do Condomínio Quintas Interlagos

Governo promete tomar providências

Desde a primeira denúncia da expansão da Vila do Boa, o governo promete providências para a retirada de invasores. O governo atual afirma que todas as invasões erigidas após julho de 2014 serão demolidas e que há trabalho em andamento para inibir a ação dos grileiros. A AGEFIS não informa datas especificas com o argumento de que os trabalhos não podem ser atrapalhados. A lentidão nas providências é explicada pelo grande número de invasões no Distrito Federal, nos últimos anos do governo Agnelo.

Com esse quadro, os moradores do Jardins Mangueiral e Jardim Botânico III afirmam que estão torcendo para que as invasões recém instaladas não sigam o mesmo roteiro da expansão da Vila do Boa. “O problema, diz um morador do Mangueiral, é que os grileiros agem em uma velocidade que o GDF não acompanha para coibi-los. As invasões são mais rápidas que a ação do governo. Os grileiros estão sempre um passo a frente do governo”.

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