Projeto de duplicação de rodovia e construção de ponte podem piorar mobilidade e meio ambiente no JB 

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Projeto de duplicação de rodovia e construção de ponte podem piorar mobilidade e meio ambiente no JB 

A duplicação da DF-001 é uma demanda histórica do Jardim Botânico. Mas o que vem sendo proposto como solução contem variáveis que podem comprometer o meio ambiente e a mobilidade do Jardim Botânico. 

Redação MCJB 15/12/2020

Um projeto que tem a intenção de atender toda a comunidade do Jardim Botânico ganhou espaço na agenda do GDF: a duplicação da DF-001 e o projeto da Ponte da Barragem do Paranoá (Via Ponte Paranoá). As vantagens são duas: retira o impacto do intenso tráfego de veículos da pista sobre a barragem do Paranoá e suprime o gargalo criado pelo trecho de pista simples na DF-001.     

Mas há um outro lado. Problemas ambientais e um novo gargalo no fluxo do trânsito são apenas parte das desvantagens. 

As dificuldades 

Há anos, no horário de pico, o número de veículos em circulação buscando acesso ao Plano Piloto pela ponte JK só vem aumentando.  Desemboca na ponte veículos vindos do próprio Lago Sul e dos bairros-cidades de São Sebastião, Jardim Botânico, Paranoá e Itapoã. O congestionamento tem múltiplas fontes, mas uma única saída. 

Em meio a essa dificuldade crescente, a pista sobre a barragem do Paranoá, que não foi feita para o tráfego pesado e contínuo, emite sinais de alerta.

Imagem ilustrativa do projeto da ponte sobre o córrego Paranoá

O projeto 

O projeto é uma proposta da construtora JC Gontijo. O plano contempla a construção do trecho interrompido da DF-001 entre o Jardim Botânico e o Paranoá; a duplicação de parte dos trechos já existentes no Jardim Botânico; a construção de uma ponte de 380 metros, que passará sobre o córrego Paranoá, ao lado da barragem e, posteriormente, a manutenção à toda essa infraestrutura até o fim do contrato, que tem duração de 17 anos. Ao todo serão 7,17 quilômetros de pistas duplas que vão do chamado “Balão da JK”, na  Estrada Parque Contorno (EPCT), até a interseção com a DF-005, após a barragem do Paranoá.  

 

Foto de engarrafamento no acesso da barragem, dos veículos do Paranoá e Itapoã sentido Plano Piloto, às 7h30 em 09/11/2020

Os problemas: mobilidade e meio ambiente 

Já na audiência pública, realizada no dia 27/11, possíveis problemas começaram a ser identificados pelos assistentes.  Os moradores apontaram possível falta de estudo de impacto do trânsito com o aumento do fluxo de veículos na região do Jardim Botânico e na Ponte JK, gerado pela obra, em especial nos horários de pico, sentido Paranoá – Plano Piloto. Também indicaram que o atual gargalo imposto pela pista da barragem, sendo eliminado, vai dobrar o fluxo de veículos vindos do Paranoá e Itapoã para desaguar (e sobrecarregar) na Ponte JK e, antes disso, podendo criar um novo fluxo por dentro do Jardim Botânico, graças também à duplicação da DF-001.   

Não bastasse a questão do trânsito, uma nova preocupação se instalou entre os moradores do Jardim Botânico: possíveis danos ambientais e sociais devido a mais um empreendimento imobiliário, agregado ao projeto. 

Quando a JC Gontijo fez a proposta do projeto, anexou uma forma de pagamento diferenciada. Em troca pelo projeto e sua execução, a empresa receberia uma área de proteção ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu, recentemente incluída no Jardim Botânico pela nova poligonal. O objetivo seria desenvolver um projeto habitacional. 

Área solicitada pela JC Gontijo para custear o valor da construção da Via Ponte Paranoá, no Setor Habitacional São Bartolomeu.

Essa região, entretanto, possui nascentes e mata nativa. Portanto, sua ocupação, conforme propõe a empresa JC Gontijo, em parceria com a SEMOB, é um precedente perigoso que pode se tornar um sério problema ambiental. Sérgio Pamplona, da Comissão de Sustentabilidade do MCJB, afirma: “É uma área de nascentes, além de possuir platôs, que certamente estão na mira da especulação imobiliária, e será um problema porque acaba com as áreas de recarga, e essas são as últimas que existem na região (…) Parece que a lógica é essa: ocupar tudo – o que pode dar dinheiro para alguns – mas é um prejuízo coletivo imensurável

Ainda de acordo com Pamplona, a ocupação da área até poderia ser pensada, mas de maneira criteriosa, priorizando-se a preservação ambiental, o que não é o caso do projeto.

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