Projeto de revitalização da Feira do Produtor sofre grandes e indesejadas alterações. Sem o conhecimento e aprovação da comunidade, o projeto apresenta redução de equipamentos públicos e inclusão de prédios de uso residencial e comercial.
Da Redação – 09/08/2022
O projeto de revitalização da Feira do Produtor remonta aos primórdios do Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB). Nasceram juntos, o MCJB e a parceria comunitária que idealizou uma nova Feira do Produtor, mais bonita, mais acolhedora e, principalmente, mais funcional. (relembre aqui e aqui).
Após quase 10 anos de tratativas e avanços consideráveis, a revitalização da Feira do Produtor previa espaços para os equipamentos públicos, como batalhão de bombeiros e delegacia. Com os projetos arquitetônicos já aprovados pela Central de Aprovação de Projetos (CAP), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH), a próxima fase, após a implementação dos projetos complementares, seria a licitação para o início das obras de ampliação e adequação do espaço (Relembre aqui).
Mas… o projeto inicial é substituído por um projeto paralelo
Ainda não sabemos a pedido de quem, mas a Terracap criou um projeto paralelo ao que foi idealizado de acordo com as necessidades apontadas pelo Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB), moradores da região, Novacap e Administração Regional do JB, que deu continuidade à proposta até 2021.
Mais uma vez a comunidade é deixada de lado, não é consultada, e é surpreendida com a publicação do Instituto Brasília Ambiental, no Diário Oficial do Distrito Federal de quinta-feira (07/07), de um aviso de audiência pública convidando a população a participar da apresentação e da discussão do estudo do Relatório Ambiental Simplificado (RAS), referente ao licenciamento ambiental do empreendimento Setor Comercial Jardim Botânico – Lotes 1 a 7, localizado na Região Administrativa do Jardim Botânico. Um novo projeto para a Feira do Produtor, muito diferente do que a comunidade esperava.
A reunião será realizada no dia 11 de agosto, às 19h, com transmissão ao vivo no canal do Brasília Ambiental no YouTube.
Já estão disponíveis, no site do instituto, os estudos, relatório e o regulamento do encontro.
Clique aqui e confira e confira as instruções de acesso e canal de transmissão e participação.
Clique aqui e confira e acesse o formulário para contribuições.
Para Livino Silva, presidente do MCJB, o novo projeto é um sintoma da falta de seriedade no trato das demandas da comunidade, fruto da descontinuidade na gestão das demandas pela administração. “Novamente a comunidade é prejudicada pela morosidade em atender uma demanda comunitária tão antiga. Em poucos meses, cancelaram um projeto construído ao longo de anos à revelia da comunidade”, diz Livino.
O projeto paralelo de autoria da Terracap prevê lotes de uso misto (comercial, prestação de serviços e institucional), e incluiu três lotes de uso residencial, com área de 1.600,00 m² cada, somando um total de 4.800,00 m². Cada lote residencial poderá conter até 55 apartamentos, de acordo com as diretrizes de densidade para a área (15 a 50 habitantes por hectare).
Assim como a retirada do posto policial, a comunidade só toma conhecimento das ações do GDF quando as decisões já foram tomadas ignorando as demandas da sociedade. E fica o questionamento: Seriam os empreendimentos imobiliários a única política do governo para o JB?
Na avaliação de Flávio Santos, coordenador do Núcleo de Regularização do MCJB, a oferta de moradia é sempre bem-vinda, mas o crescimento urbano demanda equipamentos públicos. “Temos um passivo total de infraestrutura de segurança pública, educação e saúde para toda a R.A e vamos continuar cobrando”, afirma Flávio.