Jardim Botânico, 15 de Outubro de 2024
Por Camila Fleury – Redação MCJB

A comunidade do Jardim Botânico se prepara para a entrega do primeiro viaduto da região, localizado na interligação entre a DF-035 e a DF-001, próximo à QI 23 do Lago Sul e à ESG (Escola Superior de Guerra). Embora a obra tenha sido vista inicialmente como uma solução para os crescentes problemas de trânsito da área, a inauguração da passarela, que faz parte desse projeto, está gerando críticas entre os moradores.

Distância do comércio do JB para passarela do viaduto. – Fonte: Google Maps

A passarela, planejada para oferecer mais segurança aos pedestres ao cruzar a DF-001, acabou sendo instalada a cerca de 500 metros do principal fluxo de pessoas, especialmente aquelas que circulam pelo comércio do Jardim Botânico. Segundo moradores do Jardim Botânico, a localização dessa passarela têm gerado preocupações, pois, para muitos, o caminho até a passarela é longo e desconfortável, o que pode desencorajar seu uso.

Moradora do Jardim Botânico há mais de 10 anos, Silvia Alcântara compartilha sua frustração: “A ideia de uma passarela parecia excelente, mas colocá-la tão distante dos pedestres torna difícil o acesso. Além de ser inviável para muitos, pode se tornar um risco ainda maior, já que muitos podem preferir atravessar a via diretamente.”

Impacto no Trânsito e na Segurança

O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), responsável pelo projeto do viaduto e da passarela, afirma que a instalação visa garantir a segurança dos pedestres. No entanto, a comunidade questiona se essa segurança será realmente obtida. Além da grande distância a ser percorrida pelos pedestres para acessar a passarela, ainda há necessidade de instalar faixas de pedestres ou semáforos nas marginais do viaduto, o que pode comprometer a fluidez do trânsito.

Projeto original  divulgado pelo DER do chamado Viaduto do Jardim Botânico. – Fonte: DER-DF

Com a instalação desses semáforos, motoristas que trafegam da QI 23 para o Jardim Botânico pela DF-035, e também na DF-001 em direção ao Plano Piloto ou São Sebastião, a possibilidade de congestionamentos cresce significativamente. Em horários de pico, o fluxo de veículos, que já foi bastante impactado durante os dois anos de obras, pode voltar a ser um problema crônico, frustrando as expectativas de melhora com o novo viaduto.

Pedro Santana, morador de São Sebastião e usuário diário da DF-035, compartilha sua apreensão: “Nós enfrentamos esses transtornos por quase dois anos com a expectativa de que o viaduto melhoraria o trânsito. Agora, com essa passarela e a necessidade de mais semáforos, parece que o problema vai continuar ou até piorar.”

As preocupações não se limitam apenas ao fluxo de veículos. A segurança dos pedestres continua sendo uma prioridade e a comunidade questiona se a distância e a dificuldade de acesso à passarela não acabarão incentivando travessias irregulares e perigosas. Em um ponto tão movimentado como o cruzamento entre a DF-035 e a DF-001, qualquer erro de planejamento pode resultar em riscos consideráveis para a vida dos moradores e trabalhadores que utilizam essas vias.

O Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB) chegou a sinalizar aos engenheiros e responsáveis pela obra sobre o problema na localização da passarela. Desde 2015, ofícios são reiteradamente enviados ao órgão solicitando a instalação de passarelas subterrâneas entre a obra do viaduto e o balão do Mangueiral como alternativa mais eficaz para eliminar semáforos e faixas de pedestres, que atualmente são a principal causa de congestionamentos na DF-001 (relembre aqui).

A comunidade vive a expectativa de receber a obra que, embora atrasada desde janeiro deste ano, agora está em ritmo acelerado para conclusão. A situação envolvendo a passarela e o viaduto no Jardim Botânico ilustra os desafios enfrentados pela comunidade em busca de melhorias viárias que atendam às suas reais necessidades. Apesar de a obra ter sido planejada para trazer mais segurança aos pedestres e melhorar a fluidez do trânsito, a localização inadequada da passarela levanta questões sobre sua eficácia e impacto no tráfego local.