Jardim Botânico, 23 de Abril de 2024
Editorial – Presidente do MCJB – Rose Marques
Em 2016 a comunidade do Jardim Botânico estava assustada. Houve um grande aumento de assaltos, furtos a residências e ao comércio. Houve até um arrastão (relembre aqui). A comunidade se uniu à Polícia Militar do DF (PMDF) e, em 2017, através de sua entidade representativa, o Movimento Comunitário do Jardim Botânico, arrecadou fundos e realizou uma grande reforma no único posto policial da cidade. Refez a parte elétrica, restaurou a hidráulica, reforçou a estrutura, pintou o posto, deixou tudo pronto para utilização, investindo do próprio bolso mais de R$30 mil na recuperação do único equipamento público de segurança em toda a região do JB (relembre aqui).
No dia da sua reinauguração, a comunidade fez festa! A imprensa veio cobrir o feito (relembre matéria da Globo aqui), a Polícia Militar promoveu uma grande solenidade com banda e hino nacional, recebemos até autoridades internacionais no evento, como o embaixador de Taiwan (relembre aqui). Mas a alegria durou pouco.
Em 2019, a PMDF alegou falta de contingente policial e desativou o posto policial. Em 2021 removeu completamente o posto que havia sido recuperado pela comunidade, deixando apenas uma área vazia no local (relembre aqui). Apesar dos seus quase 80 mil habitantes, de ser a 5ª maior região administrativa do DF e uma das regiões que mais contribui com impostos para o DF, a comunidade do Jardim Botânico se viu sem nenhum contingente policial exclusivo para protegê-la, dependendo da segurança privada dos condomínios e do batalhão policial de seu vizinho mais próximo, a cidade de São Sebastião.
A comunidade vem pedindo, desde a criação do MCJB, um Batalhão da Polícia Militar que seja próprio, como a maioria das outras RAs do DF tem. Porém, a resposta do governo é sempre a mesma: não há contingente policial suficiente. Diante desta resposta, não podemos deixar de fazer outras duas perguntas:
Primeira: O que aconteceu com os concursos públicos, que costumam suprir as aposentadorias e necessidades? Segunda: Por que existe contingente policial disponível para cidades muito menores que o Jardim Botânico, que podem exibir batalhão de polícia militar? Veja quadro comparativo abaixo:
Região Administrativa | População* | Equipamentos de Segurança Pública* |
Jardim Botânico (RA – XXVII) | 78 mil | Nenhum |
Brazlândia | 55 mil | 1 (um) Batalhão de Polícia Militar, 1 (um) Batalhão de Bombeiro Militar e 1 (uma) Delegacia de Polícia Civil. |
Núcleo Bandeirante | 21 mil | 1 (um) Batalhão de Polícia Militar, 1 (um) Batalhão de Bombeiro Militar e 1 (uma) Delegacia de Polícia Civil. |
Sudoeste | 44 mil | 1 (um) Batalhão de Polícia Militar, 1 (um) Batalhão de Bombeiro Militar |
Lago Sul | 26 mil | 1 (um) Batalhão de Polícia Militar, 1 (um) Batalhão de Bombeiro Militar e 1 (uma) Delegacia de Polícia Civil. |
* Dados do site da Secretaria de Segurança do DF e do IPEDF – Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal
Para o Jardim Botânico sobrou a retirada de um único posto, largando para trás um contrapiso, marca do que um dia foi uma grande conquista da comunidade. O resultado foi o abandono ostensivo do bairro à própria sorte para, sozinho, sem recursos, enfrentar o aumento da criminalidade.
Mas o tapa na cara viria depois: mesmo diante da criminalidade crescente, dos pedidos frequentes por equipamentos públicos de segurança, o governo autoriza a construção, no espaço do posto policial demolido, de uma pastelaria! Essa decisão, absurda e inaceitável, constitui o maior desrespeito à nossa comunidade!
Como não se indignar com tamanho insulto! A troca de um posto policial por um quiosque de rua evidencia mais do que negligência por parte do poder público com a segurança dos moradores do Jardim Botânico. É sinal de desprezo ostensivo ao bairro que completa 20 anos em 2024.
Quando o posto foi destruído, o espaço que sobrou tornou-se um símbolo duplo e contraditório: a consciência do desprezo a que o JB é submetido e, ao mesmo tempo, a esperança de reconstrução. Por isso o tapa na cara doeu tanto! Por isso, ele precisa de resposta!
Vamos lembrar ao governo os números da tabela acima. Além dos números, somos organizados. Vamos lembrar disso, comunidade!
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